eu sou a poça em que pisam as solas encardidas
eu sou o espelho nublado da rua que conhece apenas os avessos
eu sou o depósito molhado dos lixos esquecidos
quem respinga sujo nos atrevidos
eu sou de desvios, pulos e corridas
a memória da chuva que ardia ontem
eu sou o resto descontínuo do mar que se perdeu
eu sou a possibilidade discreta do alagamento
no asfalto eu cavo um buraco esperando secar
ode às moscas